Monopólio religioso - por Pai Ortiz Bèllo

Os acontecimentos dentro da umbanda me impressionam cada vez mais. Uma religião apoiada em sua diversidade, com vertentes e explicações das mais variadas tem um ponto em comum: “Crer em um único Deus, acreditar em suas Divindades Orixás e na manifestação de espíritos guias.” E só!

Longe de pensar em me calar, acredito que as inversões de valores são comuns em um mundo onde o poder, a vaidade, a ganância e a prepotência se tornaram pano de fundo de muitas religiões. Os verdadeiros religiosos, preocupados em sua ação espiritual dentro de sues templos, ao longo dos anos deixaram crescer de forma desordenada agentes corrosivos da religião, oportunistas. Hoje a religião de Umbanda, salvo alguns poucos, está fadada a se curvar diante de instituições que cresceram e se fortaleceram, colocando-se como verdadeiras donas da religião.

Na figura, muito bem trabalhada de um religioso, esconde-se uma pessoa manipuladora, que com seus princípios nada nobres e nada éticos, acaba por perseguir aqueles que não se curvam diante de suas explicações e ações ditatoriais.

Quero ressaltar que é louvável todas as tentativas de explicar Deus e os Orixás; não se questiona o empenho dos escritores e professores da Umbanda. Todos que hoje possuem uma linha de estudo devem ser respeitados! Mas não é assim que acontece, guerreiam-se entre si, demonstrando um despreparo e desrespeito religioso onde o amar e perdoar não ressoa dentro do conceito que se mostra deliberadamente fora do contexto ético, moral e, sobretudo religioso.

A Umbanda é tratada por estes falsos moralistas como um produto, e tentam tomá-la em suas mãos como únicos donos. “O meu produto é o melhor, o do outro não presta”. E é assim que estes formam futuros sacerdotes. Onde está o exemplo de ser religioso?

Creio que uma pessoa que tem como missão levar a Luz do conhecimento, teria que ser o exemplo máximo de uma pessoa compreensiva, pacificadora, respeitadora da manifestação da diversidade e de linha de ensino de outros irmãos. Mas não é isto que vemos na maioria das chamadas lideranças!

Eu, como umbandista, não acredito naquele que persegue, que calunia o outro, que fala mal, colocando que apenas o seu trabalho é o que vale. Que exemplo é este!? Onde está a ética? E depois, como se nada tivesse acontecido, coloca sua roupa branca e cultua Deus e os Orixás como um ser imaculado, um representante da religião.Isso deve ser revisto por todos os sacerdotes e diretores de instituições que possuem o verdadeiro valor religioso, o compromisso com o Bem!

Chega de ficarmos calados em relação a estas ações; chega de ficarmos nas mãos de pessoas que só pensam em ter suas salas repletas de alunos. pensando apenas no dinheiro; chega de sermos extorquidos por instituições que só pensam no enriquecimento e nada fazem aos seus filiados. Chega de chamarmos de exemplo aqueles que na verdade não são exemplos de ser sacerdote de Umbanda. Chega de sermos levados apenas pela beleza externa. Vamos ver a essência.

São poucos aqueles que querem fazer o bem; estes não possuem aberturas para se expressarem ou realizarem o que quer que seja, pois são perseguidos. Eu e outros que pretendem levar adiante esta idéia seremos perseguidos, caluniados.

Chamo aqui aqueles que representam a Umbanda de forma verdadeira, para se darem as mãos; não sejam envolvidos por pessoas que manipulam massas a fim de se apossarem da religião. A Umbanda não tem dono, a Umbanda não possui codificador, a Umbanda deve ser respeitada em sua diversidade, a Umbanda merece representantes que sejam realmente Religiosos.